Ele Há Coisas...

A seguinte história é verídica e teve lugar esta manhã na Rodoviária do Alentejo de Santiago do Cacém.
O nome do segundo interveniente permanecerá em anónimo, até porque eu desconheço o nome da personagem.
Isto não vai ser bom.

Onze e pouco da manhã e a Sílvia está sentada na sala de espera dos autocarros a curtir o som do seu mp3, chega um senhor com os seus sessenta-setenta anos, que será designado por X em referências futuras, ao longo do texto, que se senta ao meu lado, com uma cadeira de intervalo:

X - Bom dia, menina.
Sílvia - Bom dia.
Após alguns segundos...
X - Sabe a que horas é o autocarro para Sines?

Sílvia - Não, não faço ideia.

X - Eu vou lá fora perguntar.

Alguns minutos depois...

X - Ehh foda-se é só à uma. Caralho.

Sílvia - Pois... Tem que esperar...

X - Foda-se para isto. Caralho.

Silêncio

X - Vão todos para o caralho. Foda-se. Só à uma... foda-se.

E lá continuaram as caralhadas e eu permaneci em silêncio, tipo, já chega, não?

Até que ele põe a mão na cadeira ao meu lado, se debruça para mim e sussura:

X - Em Sines há uma casa de meninas, não é?

Sílvia - Não sei!

Início de monólogo...

X - É, é. Eu vou lá agora, vou dar uma fodinha. Gosto tanto de uma fodinha.

Silêncio. E Pânico.

X - Uma fodinha é tão bom... Não sei quanto é que é, para aí dez euros. Pois, que eu já sou velho mas gosto de uma fodinha. Aqui em Santiago não há, que eu já perguntei. Não há... não sei. Agora em Sines sei que há. Mas agora tenho que esperar até à uma, eu gostava tanto duma fodinha...

Sílvia, enquanto se levanta e sai - Epah... Boa sorte.

X - Ai uma fodinha...

Mas por que raio é que eu tenho que ouvir estas merdas? Mas eu fiz mal a alguém, por acaso? 

É que só faltava pedir-me para lhe fazer o favor, para não ter que esperar até à uma. e se calhar dava-me dez euros. 

O que caralho...

 

Das Séries #3

Dexter Morgan, olhando para uma pequena estatueta de Saint Bridget:

'' That's either a saint or the most boring action figure I've ever seen. ''

 

Apontamentos

E isto, meus caros, são os meus apontamentos da última aula de Antropologia:

Não sei que raio escrever, esta merda não me serve para nada, mas tenho que fingir que escrevo porque esta merda é avaliada continuamente e assim parece que eu estou a tirar apontamentos.
Para além de que estive a comer bolachas até agora. E cheguei meia hora atrasada porque pensava que a aula começava às dez. Ainda está ali uma bolacha à minha espera. Metade. Três quartos de bolacha.
Esta aula dá-me sono. Sono combate-se com comida. Logo, tenho que comer. Ah... Filosofia...! Isto até é mais ou menos parecido, mas não sei o que é que tenho que saber. Nem como. Ou quando.
E ele continua a falar.
Será que alguém consegue apanhar (ele acabou de dizer que iamos chumbar todos... isso eu percebi.) o que ele diz e tira apontamentos decentes?
Devia ter ido para o Conservatório. Sou mesmo boa a representar-me aplicada e a fingir-me atenta. Vou parar um bocadinho para olhar para ele com um ar muito interessado.
Voltei. Isto é mesmo divertido. Vou olhar para ele outra vez.
Ahahahah
Aqui ao meu lado fazem-se desenhos, ali atrás escreve-se numeração romana. Como eu não sei desenhar e só sei contar até dez, vou começar a trazer para estas aulas o meu papelinho com ideias para vídeos e começar a escreve-los, dar-lhes alguma forma mais que um título ou espécie disso.
Bem, vou parar, eu nunca escrevo nadam ele é capaz de começar a estranhar.
Então adeus, sim? Vou comer a bolacha. Metade. Três quartos de bolacha.

É. Depois fodo-me.