Fernando Pessoa, O Fracturado

Foi incrível a diferença que se notou pela simples mudança de docente.

A senhora professora de Português, por motivos desconhecidos por mim, ontem não nos pôde dar aula e foi então substituída por uma outra de professora, que, por coincidência, também dá Português.

Nunca, este ano, tinha visto a turma tão calada e atenta numa aula de Português, a forma teatral da professora F.B., prendeu a atenção e suscitou tamanho interesse que ninguém se lembrou de nada mais giro para conversar com o colega do lado. Ou da outra ponta da sala.

Por momentos, até eu pensei que finalmente ia achar Fernando Pessoa interessante. Por momentos, até achei. Aquando da leitura dramática do poema (M., é impressão minha ou ficaste mesmo com lágrimas nos olhos? que menina.). Mas quando começou a interpretação... estragou tudo.

As minhas expectativas não foram atingidas, nem aquela senhora foi capaz de me fazer gostar do Poeta Múltiplo.

Mas sempre foi um bocadinho melhor que as outras oitenta aulas. É que não se está bem de maneira nenhuma naquelas aulas, já experimentei todas as posições possíveis e não dá: nem com os dois pés no chão, nem com a perna cruzada, nem com a perna cruzada ao contrário, nem com perninhas à chinês, nem com um pé debaixo do cu, nem com o outro pé debaixo do cu, nem com a cabeça apoiada num braço, nem com a cabeça apoiada no outro braço, nem com a cabeça apoiada nos dois braços, nem encostada às costas da cadeira, nem afastada das costas da cadeira, nem a fazer o pino de cabeça, nem...

De maneira nenhuma.